Palavra da Redatora - Nesse mundo tão diverso em que vivemos, a expressão 'gestão profissional' pode significar mais do que parece e poderemos observar isso a cada dia através da possibilidade de obter informações através da internet. As 'informações' nos permitem criar comparações assim: - Se Lance Armstrong tivesse nascido no Brasil, talvez hoje estivesse entregando pizza. Tudo pode se resumir a uma questão de 'gestão profissional'.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

- CBC: e os protestos continuam

SP - 19/11/08 - quarta
CBC tem gestão criticada por técnicos:
- 'Nosso calendário é ridículo'.

A frase irritada do técnico Ricardo Gava, da Ciclominas/Trek/JKS/Liniers/Nossa Caixa/Guarulhos, resume o sentimento dos responsáveis pelas principais equipes de ciclismo do país. O motivo é o adiamento do Campeonato Brasileiro de Pista e do Brasileiro de Pista Paraolímpico, que estavam programados para começar nesta quarta-feira( 19/11 ), no Rio de Janeiro.
Na sexta-feira ( 14/11 ), a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) anunciou o adiamento do evento sem, contudo, estipular uma nova data. Segundo o presidente da Confederação, José Luiz Vasconcellos, dois fatores levaram à decisão: o baixo número de inscritos e a proximidade com a disputa dos Jogos Abertos do Interior. Na competição paulista, que está sendo realizada em Piracicaba, as disputas de ciclismo terminaram no último domingo.

“Resolvemos adiar porque os atletas estão competindo nos Jogos Abertos e porque tivemos poucas inscrições. Estamos mobilizando muito dinheiro, mas o interesse foi pequeno”, argumenta Vasconcellos. A Confederação esperava cerca de 100 inscritos, mas até a data do cancelamento tinha menos de 20% de interessados com apenas 18 inscrições.
Apesar das declarações dos técnicos à Gazeta Esportiva.Net, Vasconcellos diz não ter recebido nenhuma manifestação de desagrado pelo adiamento. Pelo contrário, afirma até contar com o apoio de algumas equipes para a mudança de data.

Os treinadores desmentem e afirmam que o Brasileiro em seguida aos Jogos Abertos seria até positivo, já que os atletas estariam em ritmo de competição. Além disso, acrescentam, a Confederação poderia simplesmente transferir o evento para o velódromo de Americana (a 40km de Piracicaba), ajudando até no corte de gastos das equipes, que poderiam aproveitar o mesmo alojamento.

“É difícil realizar um trabalho dentro das condições que nos oferecem”, acrescenta Fernando Monteiro Camargo Ortiz, técnico da Unimed-Taubaté/Nossa Caixa/Feijão Tarumã/Sedisa/Pedal Bike Shop. “É lamentável. A política em prol do ciclismo está muito equivocada. Nosso sistema esportivo está muito longe da realidade do mundo. Estive em Cuenca (Equador), em junho para o Pan-americano Júnior e comparando o Brasil com outros países nossa estrutura é muito arcaica”, critica.

O incômodo geral foi mais forte porque não é a primeira vez que o Brasileiro de Pista fica ameaçado. Em 2007, a competição simplesmente não aconteceu.
“No ano passado, cancelamos porque estávamos negociando com uma empresa e no final não tínhamos recurso”, justifica Vasconcellos. Este ano, afirma, o dinheiro está garantido. Orçado em R$ 70 mil caso seja confirmado no Rio, o evento pode ter custo reduzido para R$ 40 ou R$ 50 mil se for transferido para um dos velódromos de São Paulo ou Curitiba (PR). “Quanto a isto não há problema nenhum”, assegura o dirigente, garantindo o Brasileiro mesmo se o pouco interesse persistir.

Mas pela reação dos representantes de equipes, isto não será problema. “Eu tenho de competir”, confessa Cláudio Diegues, da Memorial/Santos/Giant/Nossa Caixa, em cuja equipe há atletas beneficiados pelo programa Bolsa-atleta, do Governo Federal. Para se qualificar para o programa, títulos nacionais contam pontos importantes.

Esta não é a única motivação dos ciclistas. “Ninguém quer deixar de competir, só gostaríamos de uma organização”, completa Diegues. “O mínimo que se deseja é planejamento”.

A opinião é compartilhada pelo presidente da Federação Paulista de Ciclismo, Marcos Mazzaron. “É uma situação bem complicada porque como a equipe pode se preparar? Enquanto Federação o que vou dizer aos nossos filiados? E ao atleta que se preparou?”.
Apesar da postura bem definida, Mazzaron não pretende tomar nenhuma atitude. “Tudo o que fizer vira situação política”, explica. “Mas vamos apoiar o que os clubes decidirem”.
Ao lado da insatisfação, a desinformação marca as repercussões sobre a mudança no calendário da CBC. Nenhum dos treinadores contactados por GE.Net disse ter sido informado diretamente pela CBC, tendo tomado conhecimento da mudança pelo comunicado da entidade. Além disso, cada um deles alegou um motivo diferente para o adiamento: de falta de recursos até problemas técnicos.
Afastados destes bastidores, mas sofrendo os efeitos de tudo isso, os atletas são quem mais lamentam. “É desmotivador”, desabafa o ciclista Flavio Vagner Cipriano, líder do ranking brasileiro de juniores. No ano passado, ele perdeu a chance de conquistar o título nacional por causa do cancelamento e agora acha que corre o mesmo risco. “No ano passado foi a maior decepção que tive, não imaginava que fosse ter de novo”.
Fonte - Gazeta Esportiva

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